quarta-feira, 20 de junho de 2012

A noite é uma criança


Ela era uma princesa da noite e vivia num antigo palácio na encosta de uma colina. O seu destino para todas as madrugadas era um alpendre abobadado, cujas paredes revestiam-se de murais esbatidos pelo tempo.
Depois de todos na casa se recolherem para os seus aposentos, incluindo as aias que dormiam no quarto ao lado, Ariadne levantava-se da sua cama e escapava-se para os corredores silenciosos, percorrendo-os, sempre com a graciosidade com que era conhecida, até à grande janela que emoldurava toda a parede a sul.
Conhecia todas as formas de brisa noturna que a envolviam quando abria os vidros e pisava as lajes do chão com os seus pés descalços. E encostada ao gradil florido, sustentado por colunas tão lisas quanto os seus dias eram monótonos, envergando uma fina capa de tecido sobre o seu corpo esguio, permitia ao luar curvar-se perante o seu encanto gelado...

Há dias e alturas na vida para as quais o tempo corre através dos nossos dedos, e as histórias aparecem como fragmentos, aspirando algo mais. 
Os meus filhos tiveram as suas festas de fim de ano na escola e, em breve, comemoram ambos o seu aniversário. E, apesar das poucas horas que dediquei à escrita, o que me conforta e me realiza a 100% é que tenho estado sempre junto deles, assistindo dos melhores lugares, e também dos bastidores, o que me faz uma mãe afortunada.
Há tempo para tudo na vida...

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